sábado, 26 de junho de 2010

Indagações

O que faço aqui tão tarde?! Todos já foram e eu ainda insisto em insistir. Não há nuvens azuis, nem horizonte, nem rios, nem montanhas. Olho e vejo apenas o vácuo. Talvez o mesmo que me habite nesse momento.
Que ainda faço aqui, parada, paralizada, amargurada...
Que lugar é este que ainda me retém? As pernas pesadas não se movem, só o subconsciente, na tentativa de dialogar com o consciente pergunta: _ o que ainda faço aqui? Não tem conserto para o perdido, esperança para o vencido.
Que ainda faço aqui? Torço-me, distorço-me em busca de uma resposta que faça calar essa indagação insistente.
Mas afinal o que eu ainda faço aqui? Esse era o único endereço que me deram por confiável. Não consigo encontrar nos olhos dos meus semelhantes um porto seguro. Talvez esse redemoinho no qual estou esteja me deixando tonta, enjoada... Por isso nao consiga concatenar esse mundo com meu mundo, com esse endereço.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Eu só queria um abraço

Ela chegou aos pratos, pediu-me para abraçá-la e pedir a Deus por ela. Recebi-a com intenso carinho, afaguei-lhe os cabelos e pedi a Deus pela sua vida e consolo. Cantei lindas músicas que consolam e refrigeram a alma. Seus soluços não diminuíam. Era como se meus braços pudessem consolar todos os prantos não chorados, todos as aflições não reveladas. Aquele momento era único para ela, portanto aproveitaria meus braços, minha segurança e choraria.
Abriguei-a.
Enquanto a noite seguia, meus pensamentos flutuavam na imensidão da vida, das situações, das sombras que me seguiam. Tinha alguém em meus braços para consolar, sentia-me feliz por ser esse refúgio, esse porto seguro; mas, estranhamente, eu também sentia inveja daquele ser frágil que procurava abrigo e consolo em mim. Ninguém me entenderia naquele momento. Como poderia invejar alguém no auge de seu sofrimento? Como invejar alguém que se abrigara em meus braços em busca de ajuda e refúgio? Não invejava exatamente a ela, mas o que ela tinha. A menina tinha um colo para chorar, um ombro para reclinar, uma mão para afagá-la. E era tudo isso de que eu necessitava, um lugar quente e aconchegante como aquele abraço que lhe dei, um lugar sincero onde eu pudesse derramar minhas lágrimas e sentir que não estava sozinha, enganada e esquecida assim como eu me sentia naquele dia e me sinto agora.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Encerrando ciclos

( Glória Hurtado)


Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.

Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".

Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..

E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.
Glória Hurtado, colunista colombiana.

domingo, 20 de junho de 2010

Espera pelo Senhor, tem bom ânimo (Salmo 27:14)

Se você costuma viajar de avião, é possível que esteja familiarizado com o termo “padrão de espera”. É quando o avião fica impossibilitado de aterrissar devido a condições desfavoráveis em terra.Geralmente o piloto anuncia que lhe foi ordenado manter um padrão de espera até receber uma autorização da torre de controle para que possa aterrissar.Isso ocorre regularmente, e por isso os aviões precisam levar combustível suficiente para que possam permanecer no ar até que possam aterrissar com segurança. A Bíblia diz: “Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração”.Quando Deus coloca você no padrão de espera, não se trata apenas de ter fé suficiente para receber a Sua promessa, trata-se também de ter preparo espiritual suficiente para permanecer no ar esperando até que algo aconteça. É por isso que você precisa carregar combustível espiritual suficiente para lidar com os atrasos e esperar pela liberação de Deus.
A Bíblia se refere ao Espírito Santo como “um vento impetuoso” (Atos 2:2).Depois de Deus ter feito Noé aguardar o tempo suficiente para realizar o Seu propósito, “Ele enviou um vento” (Gn 8:1).Sempre que um vento sopra vindo da presença de Deus, não importa como, ele sopra para longe todos os impedimentos e obstáculos , e prepara o terreno para que você possa seguir em frente.Ele derruba o espírito do temor e de peso que o faz querer desistir.
Davi perguntou a Deus: “Quem é o homem, para que dele te importes?” (Sl 8:4).Mesmo em tempos de frustração e espera,Deus ainda está pensando em você e operando para o seu bem.Quando Ele demora não significa que esteja recusando algo a você.Então, quando sentir uma brisa divina em seu espírito, rejubile-se , pois é sinal de que Ele está preparando você para aterrissar e que boas coisas estão para acontecer!

( Desconheço a autoria)

sábado, 19 de junho de 2010

E aí?

Têm muitas coisas na vida sobre as quais não temos respostas.
Essas coisas seguem altivas, sem nos dar importância, como se fossem eternamente superiores.
Talvez não devamos persegui-las, porque, se não nos é revelado, provavelmente, Deus assim não o quis.
Caminhemos com os presentes recebidos hoje, com o sorriso que nos é dado, com a lembrança boa que habita nosso subconsciente. "Vivamos um dia de cada vez."

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Que fazer?!

Tem coisas que me acontecem no dia-a-dia que, simplesmente, não sei o que fazer com elas. Um sorriso estranho, um pedido de perdão meio falso, um tropeção, um xingamento, uma crítica destrutiva...São coisas que, talvez você diga: joga fora! Mas que nem sempre são fáceis de se descartar.
Percebo-me algumas vezes a fazer uma faxina dentro do meu coração. E a faxina engloba, não somente jogar essas coisas inúteis, mas quem as trouxe para minha vida. Assim, desobedecendo alguns valores que tenho, vejo-me a descartar pessoas e lugares e caminhos...
Sempre achei que o ser humano tinha conserto e, nessa perspectiva, mantive muita gente mal intencionada ou com o coração muito manchado perto de mim. O resultado disso é que eu também me manchei, e mudei, e regredi, e desci...
Hoje vejo-me aqui, ali, acolá... parece que não estou segura, nem tolerante, nem animada. Há algo de insatisfeito no meu sorriso, nos meus gestos, nos meus sonhos. Sinto desejo de resgatar o que ficou e, nessa busca, deixo de viver o presente, de projetar o futuro e alimento-me de lembranças e pesadelos. O pesadelo nasce da indecisão, da falta da certeza de: se o que cortei foi joio ou foi trigo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Uma pausa

Quero uma pausa de minhas atribuições, sei que lá fora há um mundo a ser descoberto.
Preciso retomar alguns sonhos encalhados e outros congelados...
Quero uma pausa de meus pesadelos, sei que eles foram sonhos frustrados, elaborados por mim e decapitados e empalhados por não sei quem.
Hoje vou sair por aí, olhar o que está em minha volta, dançar na chuva, subir telhados e tentar esvaziar o mar, para descobrir os segredos dele.
Hoje, eu quero uma pausa de mim mesma, porque ando resmugando e reclamando muito. Vou deixar-me de molho em alguma mistura de alecrim e unguentos, quem sabe eu não me amoleço, desinfeto, adquiro nova forma.
Hoje, nessa pausa, vou buscar respostas para o que não tem resposta, sorrir para quem não me vê e brincar com as conchas do mar.
Nessa pausa tão sonhada, vou falar o que não tive coragem, dar às costas a quem não me quer e retribuir carinhos carinhosos proibidos.
... ... ... ... É, ainda estou aqui, ainda estou parada, porque preciso saber, exatamente, quanto tempo essa pausa vai durar. Afinal, é apenas uma pausa, não um rompimento!

domingo, 6 de junho de 2010

Eu aprendi

Que não tenho mais respostas para tantas perguntas...
Eu aprendi que não importa o que eu sinta, parece que isso se repete como uma canção em CD defeituoso...
Eu aprendi que as pessoas estão tão ocupadas e cansadas com seus fardos que nem tem tempo para olhar a sua volta e ajudar quem está quase morto...
Eu aprendi que a minha vida apresenta-se como uma gangorra, há um sobe e desce de sentimentos, acontecimentos e sonhos e, eu não tenho como controlar isso.
Eu aprendi que por mais que acredite na beleza do interior do ser humano, haverá sempre aqueles que vão me surpreender com algo bom ou mau.
Eu aprendi que o fim do mundo é mais próximo do que imagino, pois basta olhar a minha volta e não me sentir inspirada, amada, encaixada, que o mundo acaba.
Eu aprendi que preciso continuar de pé, porque se eu cair ficarei prostrada. Ninguém vai parar a sua caminhada para me levar nas costas.
Eu aprendi que a fé tem um pouco de obstinação, de teimosia... Que eu posso simplesmente ter fé, ou apenas teimosia...ou apenas ousadia, de qualquer forma, estarei tentando, acreditando, fazendo acontecer...
Eu aprendi que o mundo abriga, aquece e (des)trata todas as pessoas, não importa o que elas sejam, onde estejam ou façam...
Eu aprendi que o medo só é negativo se me faltar a coragem.
Eu aprendi que preciso de Deus todos os dias, assim como respiro, alimento-me e durmo.
Aprendi, também, que necessito de amigos, de amor, de companheirismo e que não preciso trocar sentimentos, apenas doá-los.
Eu aprendi a correr para chegar logo, a travar para não chegar a lugar nenhum.
Eu aprendi a olhar nos olhos, a sentir a dor do outro, mesmo sem nada poder fazer.
Nesse processo de aprendizagem, entendi que eu não posso parar de aprender, mesmo que não concorde, em muitas situações, com o modo da aprendizagem.