quinta-feira, 24 de junho de 2010

Eu só queria um abraço

Ela chegou aos pratos, pediu-me para abraçá-la e pedir a Deus por ela. Recebi-a com intenso carinho, afaguei-lhe os cabelos e pedi a Deus pela sua vida e consolo. Cantei lindas músicas que consolam e refrigeram a alma. Seus soluços não diminuíam. Era como se meus braços pudessem consolar todos os prantos não chorados, todos as aflições não reveladas. Aquele momento era único para ela, portanto aproveitaria meus braços, minha segurança e choraria.
Abriguei-a.
Enquanto a noite seguia, meus pensamentos flutuavam na imensidão da vida, das situações, das sombras que me seguiam. Tinha alguém em meus braços para consolar, sentia-me feliz por ser esse refúgio, esse porto seguro; mas, estranhamente, eu também sentia inveja daquele ser frágil que procurava abrigo e consolo em mim. Ninguém me entenderia naquele momento. Como poderia invejar alguém no auge de seu sofrimento? Como invejar alguém que se abrigara em meus braços em busca de ajuda e refúgio? Não invejava exatamente a ela, mas o que ela tinha. A menina tinha um colo para chorar, um ombro para reclinar, uma mão para afagá-la. E era tudo isso de que eu necessitava, um lugar quente e aconchegante como aquele abraço que lhe dei, um lugar sincero onde eu pudesse derramar minhas lágrimas e sentir que não estava sozinha, enganada e esquecida assim como eu me sentia naquele dia e me sinto agora.

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