sexta-feira, 4 de maio de 2012

Sem saída

Todas as entradas pelas quais você acessava a minha vida foram fechadas. Todas elas por você. Exceto uma, a que eu guardava secreta no meu coração. Era uma pequena frecha pela qual ainda passava o aroma de teu hálito, o cheiro do perfume de seu peito, o som da sua voz, o sorriso...
Um pequeno espaço permitido pelo destino para me incomodar ainda com a sua presença. Sim, incômodo porque eram lembranças que mantinham você ainda vivo e eu queria sepultá-lo.
Coloquei um porta nessa frecha, lacrei-a com cimento e, na direção dela, enchi o caminho de entulhos.
Sufoquei. Estou sem respirar, morrendo pouco a pouco, pois não entendi que parte de mim era você.
Não sei como sair daqui, aguardo apenas um milagre. Talvez um terremoto que a tudo desmorone. Quem sabe a natureza possa me ajudar com um pouco de amnésia. Esquecimento total do que vivi sem viver e do que senti sem morrer.
 
Sue Paulino

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