segunda-feira, 25 de junho de 2012

Levemente leve

Hoje eu me dei conta de que havia soltado uma aba da bolsa pesada que carregava. Senti uma leveza de repente. Respirei fundo e busquei, apenas para me certificar, o que eu realmente havia "perdido". Nada de importante.
- Entre algumas coisas velhas, encontrei um sorriso amarelado, o qual minha lembrança riscava bem desbotado.
_  Havia uma sandália desgastada pelo tempo, cuja aparência me lembrava algo muito usado e sem segurança. Usei-a para ir em busca de sonhos perdidos e jogados ao vento, não por mim, mas por pessoas que nunca souberam valorizar os sentimentos que demonstrei.
- Havia pedras também, nem sei como as guardei. Algumas pessoas sem coração as tinham jogado em mim e eu, desavisadamente, havia recolhido todas. Para quê?
- Tinha um lenço. Lembro-me de que o levava comigo, aguardando o momento em que você e outras pessoas me fariam chorar. Agora eu penso, se essas pessoas poderiam me fazer chorar, que tinha eu que seguir com elas? Esse lenço não me serve mais. Se algum dia eu chorar, vou procurar alguém que me  empreste o ombro amigo.
Em meio a esses escombros, encontrei muitos esparadrapos e gazes manchados de sangue. Usei-os quase que loucamente para sarar um coração ferido e esmurrado. Agora vejo que não preciso mais. Que bom!
Dei um revistada em minha mochila e me certifiquei de que lá havia o essencial.
_ Uma folha em branco para que eu me dê uma nova chance de escrever minha história.
_ Um papel de embrulho para guardar com carinho meus sonhos quando não puder ou não dever mostrá-los.
_ Um binóculo mágico que mostre o além, aquém de onde eu esteja, porque meus olhos fatigados teimam em ver apenas o visível e palpável. "O essencial é invisível aos olhos".
_ Levo também algumas sementes. Desejo parar em alguns lugares e deixar  plantadas algumas delas, seja de amor, amizade, cortesia, carinho, compaixão... Sei que são sementes importantes para quem deseja frutificar e seguir sempre leve. 

ahhhhhhhhhhh

É boa essa leveza. 
Em meu coração não há amarras. E ele  não é prisioneiro de ninguém. Acho que por isso, sinto-me ainda mais leve e solta.

Sue Paulino

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