sexta-feira, 4 de novembro de 2011

"Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará. " Salmos 39:6

"A mais luxuosa e exclusiva torre residencial para super-ricos de Mumbai, na Índia, é um prédio de aço e vidro de 27 andares.

A garagem ocupa seis níveis. Há três heliportos na cobertura. Há terraços acima de terraços, piscinas e jardins suspensos no ar em uma mistura de Blade Runner e Babilônia em um edifício com vista para a cidade mais dinâmica da Índia.

Há nove elevadores, um spa, um cinema de 50 lugares e um grande salão de festas. Centenas de funcionários e agentes devem trabalhar no seu interior. E agora, finalmente, após vários anos de planejamento e construção, os moradores estão prestes a se mudar. Todos os cinco."

Esse é parte de uma reportagem que li sobre a suntosa mansão de 27 andares. Tão fria e distante quanto os respectivos donos. Que haveria no coração de alguém assim? O que o dinheiro não faz? Ou miséria de ser o que se é? Como cristã, não falaria sobre religião nem sobre Deus em situações assim, só pergunto apenas: _ E a ética? E o sentimento pelo outro? Será que  é tão impossível enxergarmos quem está do outro lado da rua? Será que é tão impossível enxergarmos o que não é espelho? 


Construir algo assim é uma tentativa frustrante de alcançar o analcansável. Não se sacia o ego dessa forma, porque esse é como areia movediça, nunca se satisfaz, nunca se basta. Esse paradoxo que mistura ostentação externa e miséria interna nos faz  reportamo-nos às castas "inferiores" na Índia. Somente um sentimento tão "nojento" assim  poderia fazer um ser, que se diz humano, acreditar ser maior ou melhor que o seu semelhante.
Fica aqui a minha indignação em forma de palavras, lavras que podem abrir sulcos em algum coração de pedra. 

O CONTRASTE
Com fome entre sua população, Índia repensa segurança alimentar
Dentro de um sombrio hospital distrital, onde cães correm pelos corredores em busca de alimentos, os filhos de Ratan Bhuria estão enrolados juntos sobre uma maca da ala de desnutrição, à beira da inanição. Sua filha, Nani, tem quarto anos e pesa 20 quilos. Seu filho, Jogdiya, tem dois anos e pesa apenas 8 quilos.
Sem-terra, analfabetos, afogados em dívidas, Bhuria e seus filhos chegaram ao pronto-socorro depois de passarem pela rede de assistência social da Índia.
Eles deveriam receber alimento subsidiado pelo governo e combustível para cozinhar. Mas isso nunca aconteceu. As crianças mais velhas deveriam estar matriculadas na escola onde receberiam um almoço diário gratuito. Mas não estão.
E elas não estão sozinhas: os oito Estados mais pobres da Índia têm mais pessoas em situação de pobreza – cerca de 421 milhões – do que as 26 nações mais pobres da África, relatou um estudo recente.
Para o governante Partido Indiano do Congresso Nacional, que apostou seu destino político em apelar para os pobres, essa incapacidade persistente de fazer o trabalho do governo funcionar para pessoas como Bhuria desencadeou um debate ideológico, algo que antes seria impensável na Índia: deveria o país começar a libertar os pobres do ineficiente sistema de distribuição do governo e tentar algo mais radical, como simplesmente dar cupons de comida ou dinheiro aos pobres?
Esta reformulação está sendo estimulada por uma proposta possivelmente arrebatadora que dividiu o Partido do Congresso. Sua presidente, Sonia Gandhi, quer a criação de um direito constitucional aos alimentos e a ampliação do direito existente, para que cada família indiana se qualifique para uma bolsa mensal de grãos, açúcar e querosene.
A defesa de tais direitos tem ajudado o Partido do Congresso a ganhar votos, especialmente nas áreas rurais. Mas muitos economistas e defensores do mercado dentro do Partido do Congresso acreditam que o sistema de entrega tem de ser desmantelado, não expandido, pois eles alegam que a distribuição de cupons iria libertar o povo de um pesado aparato governamental e deixá-los comprar o que quiserem, quando quiserem.
A Índia acabou com a escassez de alimentos durante a década de 1960 com a Revolução Verde, que levou grãos de alta produtividade, além de fertilizantes e irrigação expandida, ao país que tem uma das economias que mais cresceram no mundo na década passada.
Mas a pobreza e os altos índices de fome permanecem alarmantes, com cerca de 42% de todas as crianças com menos de cinco anos abaixo peso. O sistema alimentar já existe há mais de meio século e foi minado pela corrupção e ineficiência.
Estudos mostram que 70% do orçamento de cerca de US$ 12 bilhões são perdidos, roubados ou absorvidos por custos de transporte e burocracia.
A proposta de Gandhi, ainda longe de se tornar lei, foi reduzida por enquanto para que a elegibilidade universal seja inicialmente introduzida apenas nos 200 distritos mais pobres do país.
Por Jim Yardley  ( reportagens retiradas do site da ig.com.br)

Sue Paulino



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