sexta-feira, 1 de julho de 2011

Faz frio!


    

      Faz frio, amor! E a solidão fez-se companheira arbitrária. Desfez a mala e fixou moradia. Por mais que faça, não consigo mandá-la embora. No começo, nossa convivência foi amena, pacífica e eu cheguei a gostar dela. Precisava desse momento a sós comigo. Mas aí o silêncio fez denúncias acerca do meu coração que estava apenas anestesiado. O barulho da chuva acordou-o e ele, desconsolado, irrompeu em lágrimas.
      Precisava do barulho de sua gargalhada, precisava bater descompassado tal quando percebia seu olhar intenso...
     Não tem graça esse silêncio! E, para piorar, faz frio, amor! Necessito da quentura do teu corpo, do roçar de teus lábios em meu pescoço, da oscilação de tua respiração.
     Estou encolhida em nosso ninho, disputando com a chuva quem molha mais meu rosto, se as lágrimas, se a água que recolho com a mão da janela de nosso quarto.
     Faz frio, amor! E esse fenômeno gela meu sangue. Estou travada. Sinto um queimor imenso oriundo do meu coração que lateja. Só ele que destoa do frio que percorre meu corpo, pois queima, ai como queima! Dói, agride-me! Amor, que fizeste comigo?

Suerbene Paulino, em 02/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário