domingo, 17 de outubro de 2010

A ÚLTIMA LIÇÃO

A última lição

Amo as palavras. Elas significam para mim muito além do que os conceitos literais ou metafóricos possam expressar. São minhas amigas, pois aliviam angústias e compartilham alegrias...

Quando preciso, falam exatamente o que sinto ou o que quero ouvir...

É pura diversão!

Elas estão sempre disponíveis, de tal forma que, às vezes, me inquietam a alma e não sossegam enquanto eu não decido parar para permiti-las deslizar no papel e dançarem minha melodia, subordinadas ao meu ritmo...

E tocarem com harmonia os sons mais belos e encantadores...

E serem minhas ao mesmo tempo em que me possuem...

É mágico!

Hoje querem falar do meu sonho...

E não adianta me opor...

Sinto-me totalmente sujeita à vontade delas. Só há alívio e paz em meu espírito quando, resignada, me submeto aos seus apelos. A verdade é que nunca me arrependo em ceder...

Ao mesmo tempo em que obedeço, cresço, eternizo idéias, contemplo aplausos, arranco lágrimas ou sorrisos, percebo curas, arrepios, sussurros...

É arte!

Um sonho singular, concordo. Talvez, por isso, a insistência das minhas amigas palavras em registrá-lo. No meu sonho, eu morria...

Sim! A morte física, da qual não tenho medo. Já tive um dia...

Muito medo...

Mas hoje não tenho mais...

Ao despertar, não do sonho, mas da morte, estava num local retratado em um seriado de TV, "LOST".

O curioso é que não acompanho esse seriado e a última vez em que assisti a um episódio já faz muito tempo. Então, ao despertar da morte, um desejo meio desesperador arrebatou-me, como se eu tivesse perdido a oportunidade mais importante da minha vida:

Dar a última lição.

Eu gritava desesperadamente para que reunissem todos os meus alunos ali, porque tinha faltado a última lição. E, então?

Eu despertei. Agora do sonho...

Uma segunda-feira comum, correria total para chegar ao trabalho...

Sala de aula, mas a lição se estabelecia no plano literário...

Os alunos estavam produzindo textos, e eu totalmente desmemoriada do sonho...

Uma aluna...

Aline Vanessa...

Um abraço...

Umas palavras carinhosas...

Saudosas...

Nesse contexto, como uma luz forte, lembrei-me do sonho, dos detalhes, do desejo...

Compartilhei com a aluna...

Ela, também amiga das palavras, não hesitou em dizer: "Escreva um texto, professora".

E saiu sorrindo...

O sorriso maroto de quem fizera despertar a esperança. As palavras deram sorrisinhos satisfeitos em retribuição ao convite e por terem a certeza de que eu cederia...

Era minha chance de sair do desespero, de registrar o que me sufocara no sonho...

De expor com a ajuda delas, minhas amigas palavras, a última lição...

Aos meus amados alunos...

Vocês sabem que são mais que alunos, são amigos e também professores. Não tenho palavras para descrever tudo que tenho aprendido com vocês...

Não estamos perdidos, se confiarmos nossa existência ao Autor da vida. Muitos caminham à revelia e agem conforme seus próprios desejos. Mas, se compreendermos que a sujeição ao Deus de amor nos livra da morte eterna, nos veremos felizes em obedecê-LO e estaremos livres do medo da morte...

Caminharemos para a Eternidade de paz, onde Deus reina soberano. Ele é real!

Em Cristo, Deus se fez homem e morreu para nos dar vida. Não é à toa que a Bíblia O chama de "verbo" (a Palavra)...

Ele é gracioso...

Bondoso...

Misericordioso...

E pronto a perdoar...

Só há vida em Cristo!

Agora posso partir tranquila...

Quem acreditar nessa palavra poderá me rever por toda eternidade, pois a morte chega para todos...

E terá a companhia mais sublime e pura que já existiu:

A de Jesus de Nazaré...

"Aquele que era, que é e que há de vir...".

Um comentário:

  1. Que privilégio poder usufruir de seus escritos aqui! Deus te abençõe sempre!

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