quarta-feira, 11 de abril de 2012

Um tempo para o Tempo

Olhei a hora no meu relógio de cozinha. O ponteiro menor estava entre o 3 e 4, o ponteiro maior entre o 5 e 6. Parecia uma sequência programada. Os ponteiros  estavam entre um segundo e outro. Nada certo, nada definido.
Não percebi que o relógio estava parado.
Quando havia parado? Pela madrugada ou à tarde? Não me dei conta, apenas quando necessitei da precisão dele, notei que  havia estagnado. Entre um número e outro, entre um ponto e outro e nada me dava de certeza.
Não podia reclamar do relógio, ele esteve ali todo o tempo em que dele necessitei; e, quando precisou de mim para trocar suas pilhas, eu falhei. Falhei com ele e comigo mesma.
Hoje me encontro estagnada entre um ponto e outro, entre uma reflexão e outra, entre um mundo e outro, entre uma culpa e uma isenção.
Eu e o relógio  precisando um do outro, mas sem tempo para o outro. Ele não me dá seu tempo, nem dou meu tempo a ele, um tempinho apenas de trocar sua pilha.
Terei que ir ao supermercado, passar por uma fila e, o pior de tudo,  teria que enfrentar minha própria inércia. Esta que parece não ter pilha para ela.
Sorte ou sortilégio do relógio que voltará a funcionar a qualquer momento...
Quando eu voltar a viver...








Não me dei conta dessa  mudança em minha vida. Há quanto tempo estou parada? Há quanto tempo me faltam pilhas? Há quanto tempo me faltam sonhos?
O que enferrujou em mim, o que ainda funciona? Temo que essas descobertas devem ser feitas por mim, mas a inércia, ahhhhhhhhh a inércia...

Sue Paulino

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