Certa vez ouvi um criança assim me falar, - sinto uma dor aqui – ela apontou o peito, - como é essa dor? Perguntei, não sei, dói e na minha cabeça fica falando assim: painho, painho. Senti que ela falava de saudade. Aquela informação vinda de uma criança de seis anos machucou tanto meu coração, controlei as lágrimas.
A saudade se comunica com a nossa “cabeça” e fica repetindo inúmeras vezes a imagem, o nome, o cheiro, o sorriso do ser amado. “É uma dor que desatina a doer, “ dilacera e não tem remédio que possa combatê-la, talvez por isso que muitos arremessam suas vidas para vielas obscuras, a fim de sucumbir essa dor e acabam por criar uma vazio dentro de si.
Saudade é um buraco feito dentro do nosso coração, nada o reconstitui, nada resolve. Engana-se quem tenta preencher esse vazio com opção e opção, pois não só o buraco vai ficando sujo, como perde o sentido e se confunde com outros vazios dentro da gente, deixando-nos perdidos.
Que fazer, então, com essa dor, esse vazio, essa cratera? Esperar, nada mais sábio há para se fazer, esperar que a carne ao redor do buraco vá se reconstituindo e se feche. Deixará, claro, uma cicatriz, mas no futuro será apenas uma cicatriz.
Suerbene Paulino
"Apenas uma cicatriz" soa como eufemismo quando se trata de saudade. O futuro? Ah, confunde-se com o passado e torna-se um eterno presente.
ResponderExcluir"Que fazer, então, com essa dor, esse vazio, essa cratera?" ou com essa cicatriz? Gritar: "Painho, painho" e talvez nomeando nossa saudade, as lágrimas permitam-nos APENAS embassá-las...
Painho, painho, painho! Ouça-me um pouco mais!
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