quinta-feira, 16 de junho de 2011

Falsa estrela

Queria aquela estrela para mim, Senhor! Mas não me destes. Há anos buscava o rastro dela de sul a sudeste, de norte a nordeste, de leste  a oeste. Vi-a encapuçada e nada me fez recuar,  pois vinha cega pelas agruras da vida. Como a desejei. Sorri e inventei caminhos que pudessem me transportar até ela, no entanto, criei labirintos infindos e "perdi-me dentro de mim".
Fadigada, retorno dessa mísera aventura e pergunto-te: _ Como e por quê, Senhor?
Minha estrela errante anda por aí, iluminando quintais e esquinas sordidas. Ahhh, eu  desejei colocá-la no alto de minha vida e exibi-la, mas...
Minha estrela tem vida própria, gases nefastos que infestaram meus pulmões e quase me mataram. Meus olhos ainda são duas nebulosas e vagam desgovernados em busca dela. Vigio-a, espreito-a. Loucura isso, eu sei, porque a cada momento meu coração é torturado pelos caminhos que ela teima em fazer.
Vejo-a mais distante, sofro por não conseguir mais ver sua imagem nem apreender a que existia dentro de mim. Quero dizer-lhe adeus, estrela, já que és errante! E errando portos e aportagens, entrastes e saístes de minha vida como um sonho e pesadelo.

Suerbene Paulino