sábado, 29 de maio de 2010

Reflexão

Fala-se de mãos e pés calejados, mas pouco se fala de corações calejados.
Portanto.. quanta gente há por aí vivendo como se não fosse possível ter sentimentos porque um dia foram magoadas.
As pessoas mais duronas, que parecem indiferentes ao amor, carinho e ternura, são pessoas endurecidas pela vida. São vítimas de uma dor que não souberam gerir.
Uma empresa mal administrada vai à falência; um coração mal dirigido vai à ruína.
Somos nós os gerentes da nossa vida. A nós cabe as decisões importantes que conduzirão nosso caminho. Você já experimentou andar com um sapato apertado?
No início a gente aguenta, faz até cara bonita e se diz que depois vai amaciar.
Mas isso nem sempre acontece e depois de algum tempo percebemos que, mesmo se as pedras no caminho podem fazer mal, melhor mesmo é deixar esse sapato de lado, ainda que seja aquele que a gente tanto desejou e até se sacrificou para adquirir.
Há pessoas que calejam nosso coração. Fazem parte da nossa vida e as amamos,
mas nos fazem mal... tanto e tanto que acabamos fechando aos poucos as portas do nosso coração a outras possibilidades.
Nos trancamos dentro dele e vivemos na escuridão da nossa própria sombra. Não permita que alguém magoe seu coração a ponto de te deixar insensível. Não deixe de acreditar nas estrelas porque um dia as nuvens escuras encobriram seu céu.
Se seu coração está calejado, cuide dele com mais carinho ainda. Que seja ele a transformar a atitude dos outros em relação a você e não o contrário!
Se alguém que você ama só quer brincar com seu coração, talvez essa pessoa não mereça o amor que você sente.
E por mais difícil que seja, guarde seu coração das asperezas, não deixe que as decepções o endureça.
Olhe em outras direções, dê uma chance aos que te querem bem e ao seu coração de ser cuidado com o carinho que ele merece.
autor; Letícia Thompson

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dizer “sim”, dizer “não”

Lya Luft



A história mais difícil de escrever é a nossa própria, complexa, obscura, inocente ou perversa – bem mais do que são as narrativas ficcionais.

Brinquei muito tempo com a idéia de dizer “sim” ou “não” a nós mesmos, aos outros, à vida, aos deuses, como parte essencial dessa escrita de nosso destino – com os naturais intervalos de fatalidade que não se podem evitar, mas têm de ser enfrentadas.

Acredito em pegar o touro pelos chifres, mas vezes demais fiquei simplesmente deitada e ele me pisoteou com gosto. Afinal a gente é apenas humano.

Nessa difícil história nossa, dizer “sim” ao negativo, ao sombrio, em lugar de dizer “sim” ao bom, ao positivo, é o desafio maior. Pois a questão é saber a hora de pronunciar uma ou outra palavra, de assumir uma ou outra postura.

O risco de errar pode significar inferno ou paraíso.

Também descobri (ou inventei?) isso de existir um ponto cego da perspectiva humana, em que não se enxerga o outro mas apenas um lado dele: seu olho vazado, sua boca cerrada, seu coração amargo. Sua alma árida, ah...O ponto cego das nossas escolhas é aquele onde a gente pode sempre dizer “sim” ou “não”, e nossa ambivalência não nos permite enxergar direito o que seria melhor na hora: depressa, agora.

O ponto mais cego é onde a gente não sabe quem disse “não” primeiro. E todos, os dois, deviam naquele momento ter dito “sim”.

Viver é cada dia se repensar: feliz, infeliz, vitorioso, derrotado, audacioso ou com tanta pena de si mesmo. Não é preciso inventar algo novo. Inventar o real, o que já existe, é conquistá-lo: é o dom dos que não acreditam só no comprovado, nem se conformam com o roteiro.

Nosso drama é que às vezes a gente joga fora o certo e recolhe o errado. Da acomodação brotam fantasmas que tomam a si as decisões: quando ficamos cegos não percebemos isso, e deixamos que a oportunidade escape porque tivemos medo de dizer o difícil “sim”.

O “não” é também um ponto cego por onde a gente escorre para o escuro da resignação.

O ponto mais cego de todos é onde a gente nunca mais poderá dizer “sim” para si mesmo. E aí tudo se apaga. Mas com o “sim” as luzes se acendem e tudo faz sentido.

Dizer “sim” a si mesmo pode ser mais difícil do que dizer “não” a uma pessoa amada: é sair da acomodação, pegar qualquer espada – que pode ser uma palavra, um gesto, ou uma transformação radical, que custe lágrimas e talvez sangue – e sair à luta.

Dizer “sim” para o que o destino nos oferece significa acreditar que a gente merece algo parecido com o crescer, iluminar-se, expandir-se, renovar-se, encontrar-se, e ser feliz.

Isto é: vencer a culpa, sair da sombra e expor-se a todos os riscos implicados, para finalmente assumir a vida.

Fazer suas escolhas, assinar embaixo, pagar os preços... e não se lamentar. Porque programamos o próprio destino a cada vez que, num tímido murmúrio ou num grande grito, a gente diz para si mesmo: “Sim!”



Do Livro Pensar é Transgredir - pág. 183

Canção das Mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta e entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro entenda que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem, o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada, o outro não pense que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta que me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco – em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá esteja sua verdade mas talvez seu medo ou sua culpa.
Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.
Que se estou numa fase ruim, o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo “Olha que estou tendo muita paciência com você!”
Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar porta necessária que se abre para mim, por mais tola que pareça.
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que quando eu levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: “mas que chateação essa mania, volta pra cama!”
Que se eu peço mais um drinque no restaurante o outro não diga logo: “Pôxa, mais um?”
Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro – filho, amigo, amante, marido – não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa – uma mulher.


Do livro Pensar é Transgredir - 2004
Lya Luft

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Cortar o tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente


Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez tua rosa tão importante."

" Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".

A importância das coisas e das pessoas são medidas pelo quanto nos doamos. Tudo que nos é importante consome parte dos nossos pensamentos e atenção, mesmo que não apresentemos em horas, números. De que adianta viver a vida sem ter um braço certo para deitar? Sem ter o afago da pessoa amada, sem ter com quem dividir e sonhar e somar e sorrir?
"Em um mundo que se fez deserto, temos sede de encontrar companheiros."
O que mais amo na mensagem de "O pequeno Príncipe" é que ele, após a sua jornada, sente falta da rosa que deixou lá no planeta B12. Ele conheceu um jardim repleto de flores e percebeu que todas aquelas rosas eram iguais, mas a dele era única," Sois belas, mas vazias. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém,  mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus a redoma. Foi a ela que abriguei com o para-vento. Foi dela que eu matei as larvas. Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa." Mesmo sendo orgulhosa, brigando com ele, reconhecia que ela era única. Sabe por quê? Porque " Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos."
Não queria ser amada pelo que me veem, mas pelo que se sente de mim. Queria exalar o mais profundo perfume que sai do íntimo do meu ser. Se assim o for, saberei que posso ser melhor cada dia e, consequentemente, mais amada. Porque a beleza passa, o corpo envelhece, os cabelos ficam brancos, a silhueta encolhe, mas o amor só aumenta.
Quero envelhecer junto com alguém, mas sinto que isso está se tornando um sonho distante. " Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."
Por isso penso: se passarem muitos, levarão muito de mim e deixarão muito deles. Assim meu caráter, minha feição, minha história será confundida com outras e eu quero ser "única".

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sonhos e apelos!

Qual triste verdade me foi dita. Alimentei sonhos irreais e descobri estarrecida que alimentava avestruzes dentro de mim. Resistente e perspicaz, adaptei-me a viver de migalhas.
Sem me dar conta de atos que maquinalmente repetia, cavava minha cova profunda e agredia a quem achava que me feria. A verdade era que sempre eu mesma me feria e assim, reflexivamente, atingia aos meus conceitos e decapitava meus ideais.
Acabei por criar uma imagem diferente daquela que queria ter sido vista e apreciada.
Passei a ser várias. Uma estranha após a outra, de forma que não mais me reconhecia. "Perdi-me dentro de mim/ porque eu era labirinto".
Desiludi-me, ainda hoje conservo a dúvida: persisti e insisti demais? Ou foram os métodos que usei que não foram ideais?
Sei que a resposta vai vir um dia, como disse o filósofo: "Eu penso 99 vezes e não descubro a verdade. Paro de pensar, mergulho em em profundo silêncio,e eis que a verdade me é revelada."
Sou tão intensa naquilo que acredito, tão impetuosa na busca da Verdade que acabei desconstruindo sonhos e criando pesadelos.
No final, a gente percebe que as nossas verdades são apenas umas verdades, e não a verdade.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Amado amor!

Onde estás? Em quais lugares andais que não te reconheço?
Meu coração de tão triste suga a vitalidade da minha cútis e enruga a pele.
Levanto o olhar quebrantado pelos anos e contemplo a estrada poerenta e íngreme, olho para trás com desejo de voltar e arrisco-me a dar alguns passos vacilantes.
Meu senso comum diz que estou a ponto de tomar meu próprio vômito. A margem que deixei nunca me foi atraente e essa onde estou agora também não.
Amado amor, nem lá nem cá te encontro. Nem mais acredito que existas. Não, não te idealizei, apenas te amo sem conhecer-te.
Minhas narinas soerguem-se como se pressintissem teu cheiro. Há uma falta crescente que mitiga meu olfato obcecado pelo desejo de te sentir. Parece que sei o teu cheiro.
Amado amor, sonho com teus braços carinhosos envoltos em meu corpo, vejo e revejo a beleza de teu sorriso único que transmite luz à minha solidão.
Perdoe-me, porque te confundi timidamente com um estranho. Fui infiel a ti por alguns anos. Perdoe-me, foi confusão de meu pobre coração atormentado, desconsolado.
Amado amor, por que demoras?

domingo, 9 de maio de 2010

Um grande amor!

A cada dia que vivo mais me convenço de que pessoas especiais estão cada vez mais raras. Não sei o que está acontecendo com o ser humano. Quase nada de humano encontramos neles. Algumas vezes estive a observar sites de relacionamentos - homens e mulheres. Comparo esses sites a uma grande vitrine na qual pessoas e pessoas se vendem e compram umas as outras. Você olha o perfil, não te interessa e logo parte para outro. Descartam-se pessoas como se fossem bananas velhas. A capacidade de se "livrar" e de "usar" umas as outras, além da facilidade que isso tem tido nos últimos tempos têm transformado os relacionamentos em um barco à deriva. Não há mais segurança nas relações, são comuns frases como: eu vou é ser feliz! Se não der certo a gente se separa! Diante disso pergunto: E o compromisso? Por que as pessoas não descartam seus empregos, sua moradia, seus pais, quando eles, de alguma forma não "servem" mais? Têm-se tolerancia com as mais diversas situações, mas não se tem mais tolerancia ao outro com quem se vive. Um grande amor virou apenas tema de filme e de novela, porque, na prática, todos estão achando que é uma relação livre de problemas e adaptações e, principalmente, compromisso.
Aquele juramento: Até que a morte nos separe. virou motivo de chacotas. Até que a morte nos separe?! Cara, eu já morri faz tempo! Dizem alguns em tom de zombaria.
E assim os relacionamentos vão acabando e novos vão sendo criados e a grande bola das desilusões e desencontros vai ainda mais crescendo. Resultado disso: pessoas frustradas, homens e mulheres, já velhos, sem o conforto de um amor solidário e cúmplice, porque amor assim não se constrói do dia para a noite, leva-se anos e anos... Esse, sim, é um grande amor. O amor que sobreviveu, que não traiu, ou que soube perdoar e se arrepender, que não trocou, que se esforçou para não mentir. O amor que lutou ao lado do outro e agora é forte.
Quem nunca se deparou com a frase: Quero um amor para toda a vida. Talvez seja esse o desejo da maior parte desses homens e mulheres que trocam de braços e bocas como se trocassem suas próprias roupas. Mas que será que estão fazendo para manter uma amor por toda a vida?
Seu amor engordou, você descarta. Seu amor já não é mais tão atraente como antes, você descarta... É, acordar todos os dias ao lado de alguém a quem você jurou fidelidade e compromisso é um desafio para poucos corajosos.

sábado, 1 de maio de 2010

Quem for santo, santifique-se mais, quem for sujo, suje-se mais!

1 de Janeiro de 2006
A Santificação do Corpo

por Luciano P. Subirá .... retirado do site: orvalho.com


É preciso entender que todo cristão deve trazer em si a marca de “santidade ao Senhor”, à semelhança do sacerdote da lei mosaica, que trazia esta inscrição na mitra (Ex 28.36-39). Portanto queremos trazer luz sobre o processo de santificação e, em especial, a santificação do corpo, uma vez que vivemos dias em que a imoralidade que impera no mundo tem entrado pelos portões da Igreja.

É necessário começar estabelecendo fundamentos da doutrina de santificação, portanto quero iniciar pelo que considero o fundamento principal deste assunto:

“À igreja de Deus que está em Corinto, aos SANTIFICADOS em Cristo Jesus, CHAMADOS PARA SEREM SANTOS, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.” (1 Coríntios 1.2)

O texto acima nos mostra que a santificação tem duas etapas:

*
inicial – “santificados em Cristo Jesus”;
*
progressiva – “chamados para serem santos”.

Quando a Bíblia usa o termo “santificados” em Cristo Jesus, não fala de algo que está acontecendo, mas sim de algo que já aconteceu; está no tempo passado. Vários outros textos confirmam que ao encontrarmos Jesus e nascermos de novo, fomos santificados (At 26.18, 1Co 6.11, etc). Todo o passado de pecado foi removido e a sujeira espiritual foi lavada (Tt 3.5); tornamo-nos novas criaturas e as coisas velhas já passaram (2 Co 5.17).

Por outro lado, a mesma Bíblia mostra que depois de termos passado por esta santificação, ainda há necessidade de algo mais, pois o mesmo texto também diz: “chamados para serem santos”. Estes mesmos que foram santificados inicialmente (uma experiência instantânea) são chamados para SEREM santos. Em outras palavras, o que Deus começou agora deve ser mantido e desenvolvido por cada um de nós.

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá a Deus” (Hebreus 12.14)

Ao falar sobre seguir a santificação, a Bíblia está falando de um processo. Esta carta foi dirigida a pessoas cristãs, portanto já haviam passado pela santificação inicial do novo nascimento. Porém, elas necessitavam de algo mais: um processo de santificação. E o que diferencia estas duas etapas da santificação?

O fato do homem ser tripartido (composto de três partes distintas), bem como o da salvação divina tocar de modo distinto cada uma destas partes:

“E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso ESPÍRITO e ALMA e CORPO sejam conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 5.23)

Quando o apóstolo Paulo fala sobre Deus nos santificar “completamente”, está falando sobre o nosso ser inteiro, que é composto de espírito, alma e corpo.

Seu espírito é a parte de si que tem consciência de Deus e das coisas espirituais. Sua alma é a parte de si que tem consciência de si mesmo. Já seu corpo é a parte de si que tem consciência das coisas naturais. A salvação divina atinge cada uma destas três partes da seguinte maneira:

*
ESPÍRITO – já passou pela santificação inicial que se deu na ocasião da regeneração (2 Co 1.21 – Tg 1.18 – 1 Pe 1.21). Agora se desenvolve mediante o processo de crescimento (1 Pe 2.2 – Ef 5.15) que corresponde ao crescimento natural (1 Co 3.1-3 – Hb 5.13,14);
*
ALMA – é a nossa personalidade; sede das emoções, intelecto e vontade. Não é regenerada, mas restaurada (Tg 1.21) pela Palavra de Deus. Enquanto a santificação do espírito é inicial e imediata, a santificação progressiva tem seu lugar na alma e no corpo. É o processo de mudança de valores (Lc 5.33-39 – Ef 4.23 – Jr 18.1-6 – Rm 12.1,2) que também chamamos de desenvolver a salvação (Fl.1:6 e 2:12) e despir-se do velho homem (Ef 4.20 a 5.21);
*

CORPO – nosso corpo só será totalmente santificado depois de transformado (Rm 8.23 – Fl 2.21 – 1 Co 15.50-53). Até que isto aconteça, a santificação do corpo é o processo contínuo de sujeitar a carne (1 Co 9.27), guardar-se da imoralidade (1 Co 6.13-20 – 1 Ts 4.1-8) e usar adequadamente os membros do corpo. A santificação do corpo abrange ainda a nossa forma de falar e de vestir (Ef 4.25,29 – 1 Tm 2.9,10).

O que aconteceu em nosso espírito – a regeneração – é o que chamamos de santificação inicial. Porém o processo de restauração da alma e sujeição da carne é o que chamamos de santificação progressiva. Ao destacar cada uma das três partes que compõem nosso ser enquanto falava da santificação, o apóstolo Paulo estava nos mostrando a necessidade de trabalharmos com cada parte em separado. Escrevendo aos Coríntios, ele falou sobre nos purificarmos das imundícies tanto da carne como do espírito (2 Co 7.1).

Reconhecida esta diferença, avancemos em nossa meditação considerando o que a Bíblia fala sobre a santificação do corpo, que é o enfoque deste estudo:

“Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, QUE CADA UM DE VÓS SAIBA POSSUIR O SEU VASO EM SANTIDADE E HONRA, não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus; ninguém iluda ou defraude nisso a seu irmão, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque Deus não nos chamou para a imundície, mas para a santificação. Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo” (1 Tessalonicenses 4.3-8)

Diante do que as Sagradas Escrituras afirmam neste texto, podemos extrair cinco princípios:

*
abster-se da prostituição;
*

possuir o corpo em santidade e honra;
*

não iludir ou defraudar o irmão nesta área;
*

Deus é vingador;
*

Rejeitar a santificação é rejeitar a Deus.

Examinemos o que a Bíblia tem a dizer sobre cada um deles...

ABSTER-SE DA PROSTITUIÇÃO

O maior inimigo da santificação do corpo é, sem dúvida alguma, a prostituição. É interessante notar que este tipo de pecado não desaparece automaticamente da vida de alguém que nasceu de novo, senão a Bíblia não diria justamente aos nascidos de novo para absterem-se deste tipo de pecado. É impressionante a quantia de vezes em que a Bíblia adverte seus leitores (o povo de Deus) quanto aos perigos deste tipo de pecado! A prostituição (este termo inclui todos os pecados de ordem sexual) é um pecado diferente dos demais:

“Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1 Coríntios 6.18)

Há algo por trás deste tipo de pecado que ainda não temos percebido. O que Paulo está enfatizando na carta aos irmãos de Corinto é o valor e santidade que o corpo deve ter como templo do Espírito Santo. Observe o contexto deste texto:

“Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará, tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo. Ora, Deus não somente ressuscitou ao Senhor, mas também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo nenhum. Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um só corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne. Mas o que se une ao Senhor é um só espírito com ele. Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo” (1 Coríntios 6.13-20)

Quando meditamos nesta porção bíblica a ponto de deixa-la penetrar em nosso íntimo, uma nova consciência vai se formando. Abster-se da prostituição é um imperativo para todo cristão porque seu corpo é templo do Espírito Santo de Deus! O corpo não foi feito pelo Criador para se prostituir, e sim para carregar em si a presença de Deus, o que não pode acontecer quando o santuário é maculado.

Deus criou o corpo do homem com um destino bem definido. Assim como Ele fez o estômago para os alimentos (e vice-versa), o que revela um propósito e destino bem específico, assim também projetou e idealizou o corpo para ser seu santuário. Desde o início Deus queria fazer de nós sua habitação. O corpo não foi criado para a prostituição, mas para ser SANTO de modo a servir como morada de um Deus santo!

POSSUIR O CORPO EM SANTIDADE E HONRA

Não somos donos de nós mesmos. Foi exatamente isto que Paulo afirmou aos Coríntios:

“Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo” (1 Coríntios 6.13-20)

Deus nos comprou pelo sangue vertido de Jesus na cruz. Agora não mais pertencemos a nós mesmos, mas sim a Deus. Nosso corpo deixou de ser nosso e passou a ser do Senhor, e Ele deseja que o glorifiquemos com o uso correto do nosso corpo.

Precisamos aprender a “possuir” (usar, ser mordomo) o corpo em santidade e honra. Isto fala na apenas de na nos prostituirmos, mas até mesmo da maneira como tratamos nosso corpo: alimentação, vestuário, etc. isto serve para todos, mas em especial para as mulheres! Não creio que possuir o corpo em santidade (diante de Deus) e honra (diante dos homens) inclua o uso de roupas sensuais e provocantes. O crente deve ser diferente! Isto não significa que teremos algum tipo de uniforme (terno para os homens e vestido para as mulheres, por exemplo), mas que devemos mostrar zelo pelo santuário de Deus e não defraudarmos uns aos outros nesta matéria. O ensino bíblico não deixa isto passar em branco:

“Quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem COM TRAJE DECOROSO, com modéstia e sobriedade...” (1 Timóteo 2.9a)

Não devemos faltar com o decoro, mas honrar ao Senhor até na forma como nos vestimos. Isto também é possuir o corpo em santidade e honra!

NÃO DEFRAUDAR O IRMÃO

A prostituição é um pecado que não afeta só quem o pratica, mas também quem se envolve nele. Quando duas pessoas se envolvem e ambos são cristãos, além de terem pecado contra Deus e o seu corpo, defraudaram um ao outro. Lesaram uma outra pessoa e vão dar conta a Deus pelas duas coisas...pois a Bíblia declara que Deus é vingador destas coisas!

DEUS É VINGADOR

Os pecados de prostituição não ficarão impunes. A Bíblia diz que Deus é vingador destas coisas. Em Provérbios 6.29 lemos que não ficará impune aquele que tocar a mulher de seu próximo. Deus julgará os pecados de prostituição!

Alguns crentes não levam a sério o ensino bíblico e “brincam” com a graça divina, esquecendo-se que “de Deus não se zomba; tudo quanto o homem semear, isto também ceifará”, Gl 6.7. Quando escreveu sua primeira epístola aos Coríntios, o apóstolo Paulo declarou:

“Nem nos prostituamos, como alguns deles fizeram; e caíram num só dia vinte e três mil” (1 Coríntios 10.8)

A menção aqui é ao episódio que se deu quando os israelitas estavam nas proximidades de Moabe (Nm 25.1-9) e se entregaram à prostituição com as moabitas. E o relato bíblico mostra que uma praga matou mais de vinte mil homens num só dia! Não se tratava de uma coincidência, mas de juízo sobre o pecado. Quando Finéias, neto de Arão, fez expiação pelo povo, a praga cessou (Nm 25.10-13). Deus é vingador destas coisas!

REJEITAR A SANTIFICAÇÃO É REJEITAR A DEUS

Muitos fazem pouco caso da mensagem de santidade e acham que estão desprezando um pregador, mas o que a Palavra de Deus de fato ensina é que, quem assim o faz está rejeitando ao próprio Deus e não aos homens que Ele levantou para proclamarem estas verdades.

Sem santificação ninguém verá ao Senhor. Portanto, o que rejeita esta mensagem rejeita ao próprio Deus!

FUGIR É O MELHOR REMÉDIO

Há pessoas que acham que a melhor maneira de lutar nesta área é resistir este inimigo, mas o conselho bíblico é bem diferente. Não fala de enfrentar ou resistir, mas sim de fugir! Paulo, escrevendo a Timóteo, disse: “Foge também das paixões da mocidade”, 2 Tm 2.22. Quando José se encontrou em dificuldades de resistir os apelos da mulher de Potifar a melhor saída que ele encontrou foi correr! Ela não representava uma ameaça física a José; não podia violenta-lo...o único perigo que José viu foi em si mesmo, na sua carne e desejos. Mas não lidou com o problema de nenhuma outra forma a não ser fugir.

Fuja das ofertas do pecado e conserve-se em santidade ao Senhor. Além da benção presente, saiba que haverá um galardão e recompensa para aquele que vencer.

Quando o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios, advertindo-os quanto ao perigo deste pecado deu o mesmo conselho: “Fugi da prostituição”, 1 Co 6.18. Sempre que a Bíblia fala sobre este pecado, ensina a mesma saída. Portanto, siga este conselho!

Que o Senhor o conduza a um viver vitorioso de santidade.